1º Conferência Internacional de Crowdsourcing


      A Mídia Social tem colocado seu foco em conversações, porém, um evento internacional realizado recentemente no Brasil, fez a seguinte pergunta: o que fazer com pessoas além da conversa?

    Foi com esse intuito que o Brasil sediou no dia 29 de agosto a 1º Conferência Internacional de Crowdsourcing, Co-criação e Comunidades, realizada no Teatro Vivo, em São Paulo e organizado pela Motopo, tendo à frente da organização Marina Miranda, Diretora Geral da Motopo Brasil.
ideiass

      O mote das palestras e debates trouxe à tona como as empresas estão recriando seus modelos de trabalho em uma sociedade cada vez mais conectada. Numa metodologia de criação tradicional, onde se concentra todo o processo de comunicação na fase de lançamento de um novo produto, o evento apresentou cases e metodologias onde o envolvimento de consumidores, a cadeia colaborativa de uma empresa e pessoas interessadas no início deste processo de desenvolvimento, podem revelar resultados mais interessantes e acertados, além de construírem relacionamentos mais fortes e duradouros.

      Foi o caso da construtora Tecnisa, apresentado por Romeo Busarelo, professor da ESPM e do Insper e diretor de ambientes digitais, inovações e relacionamento com o cliente da Tecnisa. Bussarelo falou das oportunidades e de alguns trabalhos que a Tecnisa vem desenvolvendo através da interação entre as mídias on e off line e alertou os convidados sobre uma nova era de negócios. “Definitivamente nós precisamos entrar numa mudança de ética, se não nos atentarmos a isso, ficaremos estagnados. Hoje o que mais se vê nas empresas é a dificuldade de utilizar as novas ferramentas, aplicar novas estratégias e compreender este novo modelo de mercado”.

     Bussarelo demonstrou como o projeto Tecnisa Ideias, a exemplo do Starbucks Idea e do Ideastorm, da Dell, exemplifica essa postura. O site está no ar desde 2009 e de lá pra cá, a contribuição dos consumidores on-line se junta a uma série de inovações feitas pela construtora, que direcionam a construção de novos apartamentos e o que deve ser implementado, ou não. O projeto dá a oportunidade de qualquer pessoa apresentar uma ideia para a Tecnisa, se ela for boa a construtora entra em contato com o seu criador e agenda uma conversa dentro da empresa para discutirem uma possível parceria de negócios. “Vivemos a era da colaboração. Hoje eu ouço meu cliente e amplifico meu negócio. Não podemos nos prender mais a um modelo impositivo”, destacou Busarelo.

      Outro caso interessante, já conhecido também pelo público, foi apresentado pela Agência Click Isobar com o projeto do carro conceito da Fiat, o Fiat Mio. Exposto na 26ª edição do Salão Internacional do Automóvel no ano passado, o protótipo da montadora foi todo concebido com a colaboração de internautas, que desde do inicio do processo de sua criação puderam dar sugestões e criticas e acompanhar os bastidores do trabalho de engenheiros e designes através de uma plataforma colaborativa dentro de um blog da Fiat. Entre vários resultados interessantes, a Fiat acabou se tornando a primeira montadora no Brasil a lançar um aplicativo que permite a seus clientes baixar o manual completo de seu carro através do smartphone ou acessá-lo pelo celular.

       A Boa Vista Serviços, administradora do SCPC, também participou do evento apresentando um case sobre participação colaborativa, através da criação de uma intranet, chamada Rede Nós. Nela, seus colaboradores relacionam entre si, com a diretoria e os demais setores da empresa, geram conteúdo e conversas sobre tudo o que acontece no seu trabalho e também podem gerar valor e novos negócios através do programa EmVista.

      Neste programa, todo funcionário da Boa Vista pode, literalmente, investir em novas idéias parara a companhia. A plataforma online serve como uma espécie de “leilão de idéias”, onde o funcionário da empresa paga com uma moeda virtual para colocar sua ideia neste site. Neste ambiente seus participantes avaliam as melhores idéias, investem e podem perder ou ganhar “dinheiro” com ela. O case foi apresentado, sem muitos detalhes, por Fernando Cosenza, superintendente de inovação e sustentabilidade da Boa Vista Serviços, que apenas utilizou este exemplo para demonstrar como a companhia vem trabalhando esta postura colaborativa na sua gestão. “Esse programa busca avaliar novas propostas de negócios e novos projetos para a empresa. Ouvir nossos colaboradores - sem moderação – interagir e desafiá-los a proporem boas ideias tem sido muito importante para o crescimento da empresa”, avaliou Cosenza.

      Outro bom exemplo de como a colaboração espontânea, através de uma boa ideia, pode gerar visibilidade para uma determinada marca, foi o case da Red Bull Street Art, apresentado por Guga Ketzer, diretor de criação e sócio da agência de publicidade Loducca, criadora do projeto.

      A Loducca desenvolveu dentro da interface Google Street View, uma janela que apresenta uma coleção colaborativa de locais onde a arte de rua está presente (muros e fachadas grafitados, em qualquer lugar do mundo). Nele os internautas colaboraram compartilhando seus achados no próprio site, ajudando assim a criar uma coleção de arte de rua do mundo todo. “Tivemos mais visitação e compartilhamento do que o site da Red Bull dedicado à Fórmula 1. Isso em pouquíssimos meses desde sua criação. E tudo aconteceu de forma espontânea, através de uma pessoa que postou na página do seu Facebook”, revelou Guga Ketzer.

     Estes foram apenas alguns dos exemplos apresentados durante o evento, que contou ainda com uma parte dedicada ao Crowdfunding - uma tendência de financiamento colaborativo de projetos, que tem dado muito certo lá fora e que está começando a ter repercussão por aqui, vide o projeto A Banda Mais Bonita Da Cidade, que em breve lançará seu primeiro CD todo financiando por meio deste conceito.

      A 1º Conferência Internacional de Crowdsourcing do Brasil foi uma grande oportunidade de vermos como novos negócios, modelos de gestão e novos modelos de mercado estão se desenhando numa sociedade mais conectada, comunicativa e participativa. E o mais importante, lançou questionamentos e dúvidas que contribuíram para a reflexão e a análise dessas tendências.

Fonte: B2B Magazine

Nenhum comentário:

Postar um comentário